quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Relato de Experiência - A utilização da resolução de problemas nas aulas de matemática

Por: Clenilton Mota Brito de Souza – Curso de pós-graduação/Matemática
O referido relato constitui basicamente da aplicação de uma atividade subjetiva contendo 5 questões com situações do cotidiano do aluno, sendo que a última era para o educando elaborar uma situação-problema relacionada à sua realidade, pois queríamos analisar como o estudante reagiria com textos dentro das questões aritméticas, sendo que muitos alunos não assimilam a matemática com a interpretação de textos. Muitos acham que matemática é somente números e a análise textual só faz parte de Português. Essa concepção que muitos têm em relação à matemática nos levou a elaborar questões envolventes e contextualizantes. Não queríamos aplicar questões no quadro e nem dentro da sala de aula, queríamos que eles interagissem com seus colegas e que aquela atividade não se tornasse uma atividade a mais. Segundo Beatriz D’Ambrosio as aulas de matemática na maioria das vezes são aulas mecânicas e expositivas em que o professor utiliza exclusivamente a lousa e explana os conteúdos. Isso torna o aluno um agente passivo do seu próprio conhecimento e os cálculos por ele solucionados são apenas passos repetitivos sem conexão com a realidade em que vive. Ela continua frisando que o pensamento de muitos professores no que tange a resolução de problemas é meramente uma produção do professor. É empolgante aplicar atividades desafiadoras e divertidas, isso faz com que o professor busque inovar a sua prática pedagógica. Aluno e professor só têm a ganhar com isso, pois ambos crescem com as experiências. Para o aluno crescerá a sua auto-estima na busca de solucionar questões relacionadas ao seu cotidiano. É freqüente ouvirmos nas salas de aula muitos alunos questionarem: “Onde irei usar isso em minha vida?”. É fundamental que o educador de matemática esteja engajado na busca de se aperfeiçoar e aprender novas estratégias na resolução de problemas. Infelizmente, nos dias de hoje, os alunos assimilam a matemática como um mar de fórmulas e regras para serem decorados com objetivos de resolver a prova. Essa visão distorcida do que vem a ser a matemática para o aluno faz com que ele se desanime na busca de solucionar questões propostas em sala, pois segundo Beatriz, a supervalorização e a crença do poder absoluto da matemática que o aluno tem em relação à disciplina fazem com que ele não tenha atitudes críticas e reflexivas. Consequentemente ele se desanima na busca da solução, pois essa matemática não está próxima da usa realidade, por isso é costumeiro o educando desistir já de inicio nas atividades. O aluno deve ser o protagonista do seu conhecimento, no momento que nós, professores, dermos oportunidade para que os educandos liberem a criatividade que há em cada um deles produzindo questões vivas e atraentes, as aulas de matemática se tornarão mais significativas. Eles deixarão de ver a matemática como um bicho papão e terão mais gosto por essa disciplina. Quando aplicamos a atividade fomos percebendo o desejo dos alunos em resolver as questões. No final da atividade perguntamos para os alunos quais as questões que eles acharam difíceis de resolver e quais foram as mais fáceis. É importante que o professor pergunte para a classe quais são as dificuldades que eles estão encontrando no decorrer da situação-problema, isso faz com que o educador melhor direcione o seu planejamento e veja onde precisa focar mais na hora de explanar o conteúdo. Esse laço estreito entre aluno/professor enriquece mais o gosto pela matemática, pois o aluno não verá o professor como alguém que é o dono do conhecimento e que não pode descer do seu pedestal, mas pelo contrário, o professor que dá abertura para ouvir os questionamentos dos alunos. É preciso que os educadores de matemática tenham uma atitude flexível ao entrar na sala de aula. Como o professor de matemática vê a matemática? A sua prática pedagógica realmente é condizente com a sua fala? Questões como essas devem permear as mentes de todos os educadores de matemática em nosso país. Mas, infelizmente, o professor atualmente não vê por esse ângulo. Muitos acham que ensinar matemática se reduz a solução de cálculos e mais cálculos e, quando um aluno pergunta por que está estudando tal conta, a maioria responde que resolver bateria de exercícios faz com que aprenda melhor e mais rápido. Isso é uma atitude duvidosa, será mesmo que o aluno aprende melhor através da repetição de contas? Acredito que não! Ao lançarmos questões relacionadas à vida cotidiana dos alunos nós percebemos o prazer que eles tiveram em solucionar os exercícios e principalmente as múltiplas formas de se chegar a resposta. Ficamos supressos ao ouvir um aluno dizer que gostou muito de uma questão em que o tema “amizade” estava inserido na atividade. Nessa questão o personagem chamava-se Gugu e ele tinha 5 amigos. Eles eram super amigos e gostavam de jogar vídeo game. O aluno disse que ao resolver essa questão se identificou com Gugu. É preciso que nós, professores, não se preocupemos com a quantidade de conteúdos que devemos ensinar, mas devemos deforma harmoniosa ensinar o aluno a aprender e apreender aquilo que se está passando na sala de aula. Conforme lido no texto de Beatriz em que ela afirma que uma grande parte dos professores se preocupa com a quantidade dos conteúdos a serem ensinado e não com a qualidade. Para muitos educadores é mais importante a ação pedagógica do que a aprendizagem do aluno. Isso constrói uma aprendizagem deficiente e produz alunos viciosos e dependentes da ação do professor. A aula de matemática fica restrita ao quadro e a voz ativa do professor. O aluno não vivencia experiências e situações de investigações e de descobrimento. Essa atitude faz com que muitos alunos sintam repugnância pela matemática em si. A resolução de problemas quando bem direcionada faz com que o aluno aflore essas competências importantíssimas para viver em um mundo de constantes desafios em que, as habilidades de buscar soluções práticas, a socialização e a auto-reflexão são imprescindíveis para a formação de um cidadão. Quando pedimos para que os alunos levassem a atividade para casa e resolvessem juntamente com seus pais e colegas de classe e, depois trouxessem as dúvidas para serem debatidos em classe, isso fez com que as questões não se tornassem uma pedra no caminho deles, mas pelo contrário, o desejo de integração e companheirismo entre eles foi maior. A busca de encontrar soluções em conjunto faz com que o aluno assimile facilmente os conteúdos matemáticos. E os erros por eles encontrados fazem com que o ensino seja mais significante, pois os erros na matemática é uma forma de aprender e de direcionar a ação como o professor esta direcionando um determinado conteúdo, segundo Beatriz o professor de matemática pode compreender as interpretações dos alunos em uma determinada questão através dos erros por eles cometidos. Isso que dizer que os estudos dos erros na matemática não devem ser vistos como uma forma de punição por não ter encontrado a resposta exigida, mas pelo contrário, deve ser um ato de constante debate e de reformulação das questões nele abordados. Na atividade aplicada analisamos que cada aluno tinha uma forma particular de encontrar a resposta de cada situação-problema. Não desprezamos os erros que alguns alunos cometeram, mesmo sendo uma minoria. Levamos os erros para serem debatidos com os demais colegas tendo o cuidado de não pronunciar nomes dos que cometeram tais erros, para não constranger alguns alunos e para que todos tivessem um ambiente democrático e reflexivo nas aulas de matemática. Foi superinteressante perceber que os alunos davam opiniões diversas sobre tais erros, alguns ficavam eufóricos para resolver e ir ao quadro para mostrar aos outros colegas como encontrou a resposta. Essa abertura que demos aos alunos nos mostrou que é importante ouvirmos o que o aluno pensa e acha da matemática. A aplicação de resoluções de problemas e o debate democrático da matemática na sala fazem com que as aulas se tornem mais prazerosas e o conhecimento mais concreto na vida dos alunos. Quando o professor de matemática faz essa abertura para que o aluno tenha voz para questionar e mostrar o que pensa sobre a matemática o ensino dessa disciplina deixará de ser um bicho papão e se tornará uma matéria em que à maioria dos alunos terão desejo de estudar, pesquisar e descobrir. O primeiro passo está na forma como o educador lança os problemas matemáticos para a classe. É preciso que cada profissional da educação na área da matemática se torne um eterno pesquisador. Ganha o aluno, ganha o professor, ganha a educação.

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