quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Análise sobre o livro Pedagógia da Autonômia e o Professor de Matemática

“Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa” O livro indicado para a leitura tem tudo haver com o que foi debatido na sala, seja nos exemplos dos colegas como também nos textos abordados. Todos os educadores e, em especial, os de matemática deveriam ler esse livro. Na leitura eu constatei delineações que estão entrelaçadas a minha prática pedagógica. Nos exemplos expressos por Paulo Freire pude me identificar em várias situações. Situações essas que me levaram a refletir sobre os meus atos em sala de aula. Gosto de me colocar no lugar do aluno ao ensinar um determinado conteúdo ou aplicando uma avaliação, mas essa atitude não se deu da noite para o dia, foi um processo. E, surpreso fiquei, ao perceber que muitos dos meus colegas da pós-graduação pensam de forma inovadora. Isso mostra que o pensamento de muitos educadores de matemática está mudando, e mudando para melhor. O aluno só tem a ganhar com isso. Sinceramente quero frisar que a leitura desse livro tocou-me profundamente no que tange ao ensino-aprendizagem dos professores na sala de aula. Na condição de professor e, principalmente, na área de matemática, na qual tem sido uma das matérias que mais tem reprovado alunos. Devo buscar renovar a minha prática em sala de aula, sei que não existe uma fórmula pronta e acabada, pois a prática pedagógica é um processo contínuo e árduo, mas de grande valia para o processo de mudança e de resultados satisfatórios na educação. O mestre Paulo Freire critica em seu livro de forma contundente a atitude irresponsável de alguns professores em sala de aula e que não adianta apenas ser uma pessoa que “lançar” os conteúdos para os alunos e no final faz uma avaliação e pronto. Infelizmente alguns professores de matemática acham que pedagogia é algo que não é fundamental para a sua formação e praticam um ensino meramente mecânico baseado na repetição e memorização de fórmulas. Paulo Freire destaca que “ensinar não é transferir conhecimento”. Isso quer dizer que a postura do professor diante da classe é de alguém que está sempre aprendendo com seus alunos e ensinando ao mesmo tempo. É uma troca de experiências de vida. O ensino da matemática deve ser para a vida, para enfrentar os desafios de um mundo complexo sem lançar mão da ética e da autenticidade de cada indivíduo. O livro destaca muito a valorização dos conhecimentos prévios que os alunos transem para a escola e isso não pode ser rejeitado pelo professor. Cada pessoa sabe de alguma coisa e cada pessoa é ignorante em alguma coisa, por isso que a escola deve ser um lugar de constante aprendizado e de descobertas. Essa atitude de dá oportunidade ao aluno de construir seu próprio conhecimento não anula o papel do professor, nesse caso a função do educador é facilitar esse acesso. Tento ser um professor aberto às indagações e aos talentos que meus alunos possuem. Não é fácil pensar dessa forma diante das rejeições que muitos jovens sentem pela matemática. Tento usar a minha criatividade e a criatividade dos alunos para construir um ensino democrático e uma matemática mas humana. Agindo assim, crio possibilidades para que meus alunos não se tornem aprendizes inertes, mas, protagonistas no desenvolvimento do conhecimento de cada um. Isso, não quer dizer que o papel do professor ficará diminuído, pelo contrário, o professor será um farol sinalizando os múltiplos caminhos que o aluno pode trilhar conforme a sua percepção do que lhe é proposto. Reconheço que não sou o dono da verdade, por isso busco interagir com meus alunos para que ambos aprendam e ambos ensinem um ao outro. Devo ser um bom ouvinte as indagações e as curiosidades dos meus alunos. A maioria dos profissionais da educação e, principalmente os professores de matemática, não dá abertura para que o educando possa usar o seu lado criativo e investigativo. Isso não quer dizer que o aluno vai tomar as rédeas da aula, mas tanto o professor como os alunos ambos irão “compartilhar” experiências para que juntos possam aprender e apreender o conteúdo estudado na escola e assim, tendo um significado para a vida. Paulo Freire condena o falar bonito, o enfeitar a aula com lindas palavras, é preciso que o ensino seja coerente com a prática pedagógica. Não adianta chegar à sala e encher a cabeça dos alunos com lindas palavras cálculos mirabolantes que não tem significado para o aluno. Como educador tenho que fazer uma auto-avaliação do que planejo e do que ensino perante a minha classe. Será que o conteúdo primordial para meu aluno naquele momento? Será que a forma como ensino está sendo democraticamente? Qual o propósito de ensinar isso? É nessa linha de pensamento que eu sempre me baseio. É preciso que a forma de ensinar matemática seja mais humana e flexiva. Outro ponto que quero destacar na leitura do livro é a visão apurada que devemos dá aos erros dos alunos. Não devo condenar o erro que o aluno faz de um determinado cálculo, pois o erro também é uma forma de aprendizagem e que pode orientar tanto o professor como o aluno na busca da resolução mas adequada de uma determinada situação-problema. Todos erram e podem aprender com isso. Não quero mostrar para meu aluno uma matemática fria, iracunda e sem sentido para a vida deles. Tenho que ser consciente de que a formação do professor não é algo pronto e acabado, mas é um constante processo de aprendizagem e reaprendizagem. Nesse ponto Paulo Freire faz uma comparação entre o ser condicionado e o ser determinado, nada está completo ou nada é completo e sim, tudo está em constante modificação. Quando o professor Diogo trouxe o texto da fábula do homem que queria levar o cachorro até a acácia isso só vem confirma as palavras de Paulo Freire quando afirma que não podemos fazer com que o aluno goste de determinado conteúdo e nem forçá-lo. O ensino da matemática não deve ser autoritário e nem unilateral. Pensando no texto abordado na sala levanto o seguinte questionamento: será que só existia essa planta? Será que essa planta era importante par ao animal só porque importante para o homem? O que é ensinar nesse ponto de vista? Conforme o livro de Paulo Freire ele diz: “ensinar exige respeito aos saberes dos educando”. O ensino-aprendizagem não deve ser algo constrangedor. Deve ser prazeroso e que não agrida a individualidade de ninguém. Não posso forçar o meu aluno a gostar de matemática, mas isso não me impede de apresentar a matemática para o mesmo e informá-lo da importância dessa disciplina como instrumento facilitador para solucionar situações-problema do dia a dia. Era preciso que o homem apresentasse a planta para o cachorro e ao constatar o repudio deveria pesquisar a causa dessa rejeição. Essa é a função primordial do educador. Levantar questões e buscar soluções junto com seus alunos para construir uma educação de qualidade e democrática. Quanto tempo passou para que fórmulas e teoremas fossem compreendidos e aceitos? Será justo fazer com que meu aluno aprenda regras complexas da noite para o dia? Para isso é preciso que o professor de matemática tenha flexibilidade e use o diálogo para que o aluno não tenha aversão assim como o cachorro teve da acácia. O professor deve ser um eterno investigador. É na sala de aula que enfrentamos diretamente as questões sociais, pois lidamos todos os dias com jovens de várias classes sociais e culturas diferentes. O desejo de pesquisar e de está sempre pronto a ouvir as perguntas dos alunos fazem com que o professor seja um eterno aprendiz e essa forma de ser leva-o a buscar uma renovação no que tange o seu modo de pensar e agir. Paulo Freire diz que “Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo.” Esse pensamento deve fazer parte da alma de cada educador. No momento em que tenho desejo de descobrir e isso me deixa inquieto faz-me encorajar positivamente na busca de um ensino significante e consequentemente produzindo uma aula agradável e a cada dia constato que preciso aprender mais e mais. Esse prazer de ensinar, de aprender, de ouvir os outros e de conviver com o diferente me torna um educador mais consciente do meu papel como professor que é formar cidadãos.
Por: Prof. Clenilton Mota Brito de Souza. - Licenciatura Plena em Matemática pela UFPE e Pós-graduado em Educação Matemática pela INTA - PI.

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